A Glienicker Brücke é uma ponte que liga o bairro de Wannsee em Berlim com a cidade de Potsdam e ficou conhecida como a “ponte dos espiões”.
A história da ponte começa por volta do ano 1660, quando no local é construída uma primeira ponte, simples e de madeira, para encurtar o caminho para os nobres e a realeza dos seus palácios em Potsdam para o campo de caça do outro lado do rio Havel. À partir de 1754 a ponte passa a ser usada pelos correios para o transporte das correspondências entre Berlin e Potsdam, assim como é aberta para o trânsito de carruagens e em 1777 esta primeira ponte é substituída por outra ponte de madeira levadiça, permitindo que barcos pudessem passar. Devido ao aumento do trânsito entre as duas cidades, entre os anos de 1832 e 1834 uma nova ponte de pedra e tijolos é construída com base no projeto do arquiteto da corte Karl Friedrich Schinkel. Com o advento dos veículos motorizados e para atender as necessidades da época, a ponte é modificada pela terceira vez, sendo construída uma ponte mais alta, mais larga e de metal. Esta última ponte, que é o formato da ponte atual, foi inaugurada em 16 de novembro de 1907. Durante a Segunda Guerra Mundial a ponte é danificada e após a guerra restaurada.
Com a divisão da Alemanha no pós guerra pelos aliados em setores de ocupação, o meio da ponte acabou formando a fronteira entre lado Oriental e lado Ocidental – Potsdam é uma cidade que fazia parte da Alemanha Oriental e o bairro de Wannsee fazia parte de Berlim Ocidental. À partir de 1952 o trânsito de carros particulares na ponte é proibido e à partir de julho de 1953 é proibido também o trânsito de pedestres civis, sendo permitida a passagem somente para os membros das forças aliadas. E é justamente neste período da Guerra Fria, que a ponte vai ganhar fama de “ponte dos espiões”, denominação dada pela imprensa.
Por estar em uma área mais afastada e isolada dos centros das cidades e sendo um ponto de fronteira restrito, a ponte Glienicke foi usada pelos soviéticos e americanos para trocar espiões capturados. Durante a Guerra Fria, a ponte foi palco de trocas de espiões em 3 ocasiões, nos anos de 1962, 1985 e 1986.
A primeira troca de espiões aconteceu em 10 de fevereiro de 1962, quando os Estados Unidos liberaram o coronel russo Rudolf Ivanovich Abel em troca do piloto americano Francis Gary Powers capturado pela União Soviética em 1960. Vinte e três anos mais tarde, no dia 12 de junho de 1985, acontece a segunda troca de espiões quando 23 agentes americanos aprisionados na Alemanha Oriental e Polônia são trocados pelo agente polonês Marian Zacharski e mais 3 agentes soviéticos. E oito meses depois, em 11 de fevereiro de 1986, acontece a última troca de espiões na ponte Glienicke: o prisioneiro político Anatoly Sharansky, Wolf-Georg Frohn, Jaroslav Javorský e Dietrich Nistroy foram trocados por 5 agentes ocidentais (Hana Köcher, Karel Köcher, Jewgeni Semljakow, Jerzy Kaczmarek e Detlef Scharfenorth).
Inclusive a ponte Glienicke e seu passado de troca de espiões já foi tema de filme, como “Funeral em Berlim”, de 1966 e no recém-lançado (outubro/2015) “Ponte dos Espiões” do diretor Steven Spielberg e estrelado por Tom Hanks.
Para quem quiser visitar, a ponte Glienicke não somente tem todo o peso histórico, como a área em volta é muito bonita. É circundada pelo rio, por uma área verde, e do lado de Berlim tem, por exemplo, o Palácio Glienicke e do lado de Potsdam tem a Villa Schöningen, que abriga um museu/galeria, que além de documentar a história da casa e da ponte Glienicke exibe exposições temporárias de arte. Na Villa Schöningen encontra-se ainda um Café/Bistro.
Endereço: Am Ende der Königstraße – Wannsee, 14109 Berlim
Como Chegar:
Para chegar até a ponte Glienicke você deve pegar a linha S7 (que passa, por exemplo, pelas estações Alexanderplatz e Friedrichstraße) em direção a Potsdam Hbf e descer na estação Wannsee. Na estação Wannsee pegue a linha de ônibus 316 na direção Glienicker Brücke e desça no ponto final.
Observação: A linha de ônibus 316 não circula com muita frequência, passa a cada 40 minutos. Então você pode programar melhor sua visita usando a ferramenta do BVG para calcular uma rota.
Olá, o número correto da linha de ônibus é 316, mas não tem como errar.
Parabéns pelo blog! Foi-me muito útil.
Abraços,
Heber
Opa, valeu pela atencao Heber. Em um lugar estava correto e noutro errado (erro de digitacao, que já foi corrigido).
Abs,
Isabel
O filme é uma excelente adaptação. O roteiro agrada por não ficar enaltecendo nenhuma das partes – as críticas vêm de todos os lados, seja para o americano, a intolerância do povo mentecapto, a corrupção das instituições legais e a paranoia exageradíssima com o conflito nuclear ou o soviético com a cortina de ilusões, a desinformação, a miséria, a violência genocida e a ditadura. Os roteiristas também acertam em manter o tom realista com Donovan. O filme não é tenso como você pode imaginar, mas os Coen se esforçam em não deixar o protagonista muito confortável em diversas situações. Algo que Tom Hanks, em sua quarta parceria com Spielberg, mostra em tela formidavelmente. Como sempre, Hanks traz sutilezas em sua atuação. O personagem nos cativa, provoca empatia imediata graças a naturalidade do talento do ator para trazer Donovan à vida. Além do espetáculo de atuação proporcionado por Tom Hanks, temos a grata surpresa da performance de Mark Rylance (do óptimo “Dunkirk”, aqui: https://br.hbomax.tv/movie/TTL612333/Dunkirk os detalhes, fez uma atuação incrível) – candidato fortíssimo para a indicação de Melhor Ator Coadjuvante, da qual concordo plenamente. Ponte dos Espiões marca o retorno de Steven Spielberg à boa forma e ao modo mais gostoso de se fazer cinema: com criatividade e amor pela arte.