75 Anos da Conferência de Potsdam

Os líderes que participaram da Conferência de Potsdam: Churchill, Truman e Stalin (Fonte: www.hdg.de)

Após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa (no Pacífico a guerra continuou por mais alguns meses), os chefes de estado das forças aliadas vencedoras, se reúnem no verão de 1945 para decidir o destino da Alemanha e a reorganização da Europa. Esta reunião é conhecida como a Conferência de Potsdam.

Esta importante conferência foi precedida por duas conferências também importantes que ocorreram ainda no decorrer da guerrra: a Conferência de Teerã, que aconteceu de 28 de novembro a 1 de dezembro de 1943, e a Conferência de Yalta, que aconteceu de 4 a 11 de fevereiro de 1945. Nestas reuniões os principais aliados da “coalizão anti-Hitler”, a União Soviética, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América, discutiram o futuro da Alemanha após a vitória sobre a Alemanha nazista. Com a derrota da Alemanha e sua rendição em 8 de maio de 1945, os aliados assumem o controle do país e voltam a se reunir para decidir as medidas a serem adotadas para a Alemanha derrotada.

Uma vez que Berlim estava muito danificada pela guerra, os líderes se reuniram no Palácio Cecilienhof, que se localiza na cidade de Potsdam e que foi menos afetada pela guerra. Por isto, a reunião ficou conhecida como a “Conferência de Potsdam”.

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O Palácio Cecilienhof

A Conferência de Potsdam aconteceu de 17 de julho a 02 de agosto de 1945 e dela participaram o líder soviético Josef Stalin, o presidente americano Harry S. Truman e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Após as eleições na Grã-Bretanha, Churchill foi substituído em 28 de julho por seu sucessor Clement Attlee. Além dos chefes de estado, também participaram da conferência os ministros das Relações Exteriores dos países mencionados e alguns assessores.

Neste ano de 2020 quando se completa 75 anos da Conferência de Potsdam o Palácio Cecilienhof apresenta uma exposição especial sobre a conferência. A exposição é intitulada “Conferência de Potsdam 1945 – A reorganização do mundo” e estará em cartaz até o dia 31 de dezembro de 2020.

O Palácio Cecilienhof

As decisões tomadas na conferência resultaram no “Acordo de Potsdam”. Os aliados decidem que  que a Alemanha é dividida em zonas de ocupação que são administradas pelo respectivo comandante-chefe militar e as questões relacionadas a Alemanha como um todo seriam administradas pelo Conselho de Controle Aliado. O acordo também estabeleceu diversas disposições políticas, econômicas e territoriais que regulamentariam a Alemanha a partir de então.

Os pontos centrais das decisões tomadas pelos aliados foram a desmilitarização, desnazificação, democratização e descentralização da Alemanha. O objetivo é que a Alemanha não deveria mais representar nenhuma ameaça de guerra e deveria ficar livre da ideologia nazista.

A mesa das reuniões (Fonte: www.spsg.de)

Desmilitarização significava a extinção das forças armadas alemãs e o desmantelamento da indústria de armamentos, assim como o desarmamento do país.

A desnazificação buscava a limpeza do estado, da política, da justiça, da imprensa, da cultura e da sociedade alemã das idéias nazistas. O povo alemão deveria ser submetidos à uma reeducação por causa de suas tradições supostamente autoritárias. O partido nazistas e suas sub-organizações, como SS e Gestapo, são proibidos; leis nazistas são revogadas e os sinais cotidianos do “Terceiro Reich”, como placas de rua, livros, uniformes e medalhas são removidos e proibidos. Nazistas deveriam ser demitidos do serviço público, assim como culpados pelos crimes deveriam pagar por seus atos.  Pessoas ligadas ao regime são presas e se iniciam os julgamentos dos crimes de guerra, como o Julgamento de Nuremberg, que começa em 20 de novembro de 1945, onde líderes do regime nazista são julgados e setenciados.

Com o processo de democratização, a sociedade alemã deveria ser transformada em uma democracia, concebida de acordo com valores democráticos básicos . Partidos democráticos e sindicatos deveriam ser permitidos, assim como seu direito à liberdade de reunião seria concedido. A liberdade de expressão e da imprensa, assim como a liberdade religiosa também deveriam ser garantidas.

O objetivo da descentralização era a distribuição das tarefas políticas, responsabilidade e tomada de decisão para o nível regional e local (cidades, municípios)  – durante o regime nazista o poder político estava centralizado em Berlim.

Os aliados também queriam descentralizar a economia alemã, removendo a concentração excessiva de poder. Sendo assim a economia alemã deveria ser desmembrada e desagregada de monopólios e cartéis. No entanto, a unidade econômica da Alemanha deveria ser mantida. 

Os aliados também chegaram a um acordo sobre a questão das indenizações de guerra. Cada aliado deveria receber sua indenização de sua própria zona de ocupação. A União Soviética recebeu pagamentos de compensação adicionais das zonas ocidentais. As indenizações de guerra foram adquiridas principalmente na forma de máquinas e equipamentos que foram retirados das fábricas e indústrias, prática especialmente comum dos soviéticos.

Quanto às questões territoriais, os aliados estabeleceram a fronteira da Alemanha com a Polônia nos rios Oder e Neisse – as áreas anteriormente alemãs a leste da linha Oder-Neisse foram colocadas sob administração russa e polonesa. Com as novas regras estabelecidas após a guerra, a Alemanha perde quase um quarto do seu antigo território.

A população de origem alemã que vivia nesta região, assim como na Tchecoslováquia e Hungria é expulsa e “reassentada” para o resto da Alemanha. Infelizmente, esses ” reassentamentos” não aconteceram “de maneira adequada e humana”, como escrito no acordo. Já antes e mesmo depois do Acordo de Potsdam, milhões de alemães fugiram, foram deportados ou expulsos à força de suas moradias. O resultando foi uma perseguição e expulsão sangrenta – juntamente com as pessoas que fugiram do Exército Vermelho desde 1944, a fuga e expulsão destes países atingiu mais de 12 milhões de alemães, sendo que cerca de 2 milhões perderam a vida.

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