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A Conferência de Potsdam

Os líderes que participaram da Conferência de Potsdam: Churchill, Truman e Stalin (Fonte: www.hdg.de)

Após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa (no Pacífico a guerra continuou por mais alguns meses), os chefes de estado das forças aliadas vencedoras, se reúnem no verão de 1945 para decidir o destino da Alemanha e a reorganização da Europa. Esta reunião é conhecida como a Conferência de Potsdam.

Esta importante conferência foi precedida por duas conferências também importantes que ocorreram ainda no decorrer da guerrra: a Conferência de Teerã, que aconteceu de 28 de novembro a 1 de dezembro de 1943, e a Conferência de Yalta, que aconteceu de 4 a 11 de fevereiro de 1945. Nestas reuniões os principais aliados da “coalizão anti-Hitler”, a União Soviética, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América, discutiram o futuro da Alemanha após a vitória sobre a Alemanha nazista.

Com a derrota da Alemanha e sua rendição em 8 de maio de 1945, os aliados assumem o controle do país e voltam a se reunir para decidir as medidas a serem adotadas para a Alemanha derrotada.

Uma vez que Berlim estava muito danificada pela guerra, os líderes se reuniram no Palácio Cecilienhof, que se localiza na cidade de Potsdam e que foi menos afetada pela guerra. Por isto, a reunião ficou conhecida como a “Conferência de Potsdam”.

O Palácio Cecilienhof

A Conferência de Potsdam aconteceu de 17 de julho a 02 de agosto de 1945 e dela participaram o líder soviético Josef Stalin, o presidente americano Harry S. Truman e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Após as eleições na Grã-Bretanha, Churchill foi substituído em 28 de julho por seu sucessor Clement Attlee. Além dos chefes de estado, também participaram da conferência os ministros das Relações Exteriores dos países mencionados e alguns assessores.

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As decisões tomadas na conferência resultaram no “Acordo de Potsdam”. Os aliados decidem que  que a Alemanha é dividida em zonas de ocupação que são administradas pelo respectivo comandante-chefe militar e as questões relacionadas a Alemanha como um todo seriam administradas pelo Conselho de Controle Aliado. O acordo também estabeleceu diversas disposições políticas, econômicas e territoriais que regulamentariam a Alemanha a partir de então.

Os pontos centrais das decisões tomadas pelos aliados foram a desmilitarização, desnazificação, democratização e descentralização da Alemanha. O objetivo é que a Alemanha não deveria mais representar nenhuma ameaça de guerra e deveria ficar livre da ideologia nazista.

A sala e a mesa de reuniões

Desmilitarização significava a extinção das forças armadas alemãs e o desmantelamento da indústria de armamentos, assim como o desarmamento do país.

A desnazificação buscava a limpeza do estado, da política, da justiça, da imprensa, da cultura e da sociedade alemã das idéias nazistas. O povo alemão deveria ser submetidos à uma reeducação por causa de suas tradições supostamente autoritárias. O partido nazistas e suas sub-organizações, como SS e Gestapo, são proibidos; leis nazistas são revogadas e os sinais cotidianos do “Terceiro Reich”, como placas de rua, livros, uniformes e medalhas são removidos e proibidos. Nazistas deveriam ser demitidos do serviço público, assim como culpados pelos crimes deveriam pagar por seus atos.  Pessoas ligadas ao regime são presas e se iniciam os julgamentos dos crimes de guerra, como o Julgamento de Nuremberg, que começa em 20 de novembro de 1945, onde líderes do regime nazista são julgados e setenciados.

Com o processo de democratização, a sociedade alemã deveria ser transformada em uma democracia, concebida de acordo com valores democráticos básicos . Partidos democráticos e sindicatos deveriam ser permitidos, assim como seu direito à liberdade de reunião seria concedido. A liberdade de expressão e da imprensa, assim como a liberdade religiosa também deveriam ser garantidas.

O objetivo da descentralização era a distribuição das tarefas políticas, responsabilidade e tomada de decisão para o nível regional e local (cidades, municípios)  – durante o regime nazista o poder político estava centralizado em Berlim.

Os aliados também queriam descentralizar a economia alemã, removendo a concentração excessiva de poder. Sendo assim a economia alemã deveria ser desmembrada e desagregada de monopólios e cartéis. No entanto, a unidade econômica da Alemanha deveria ser mantida. 

Os aliados também chegaram a um acordo sobre a questão das indenizações de guerra. Cada aliado deveria receber sua indenização de sua própria zona de ocupação. A União Soviética recebeu pagamentos de compensação adicionais das zonas ocidentais. As indenizações de guerra foram adquiridas principalmente na forma de máquinas e equipamentos que foram retirados das fábricas e indústrias, prática especialmente comum dos soviéticos.

Quanto às questões territoriais, os aliados estabeleceram a fronteira da Alemanha com a Polônia nos rios Oder e Neisse – as áreas anteriormente alemãs a leste da linha Oder-Neisse foram colocadas sob administração russa e polonesa. Com as novas regras estabelecidas após a guerra, a Alemanha perde quase um quarto do seu antigo território.

A população de origem alemã que vivia nesta região, assim como na Tchecoslováquia e Hungria é expulsa e “reassentada” para o resto da Alemanha. Infelizmente, esses “reassentamentos” não aconteceram “de maneira adequada e humana”, como escrito no acordo.

Já antes e mesmo depois do Acordo de Potsdam, milhões de alemães fugiram, foram deportados ou expulsos à força de suas moradias. O resultado foi uma perseguição e expulsão sangrenta – juntamente com as pessoas que fugiram do Exército Vermelho desde 1944, a fuga e expulsão destes países atingiu cerca de 14 milhões de alemães, sendo que cerca de 2 milhões perderam a vida.

O Palácio Cecilienhof

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Schloss Wackerbarth – Uma vinícola mais que especial

Aproveitando um sábado de tempo bom, com sol e temperaturas agradáveis resolvemos fazer um passeio para o Castelo de Moritzburg, que já havíamos visitado antes, mas como é muito bonito, sempre vale a pena ver de novo. Olhando na internet os horários de funcionamento do castelo, vimos uma foto de um outro atrativo nas imediações que nos chamou bastante a atenção – era uma foto dos jardins do Schloss Wackerbarth, ou Palácio de Wackerbarth. Como terminamos a visita a Moritzburg ainda cedo resolvemos dar um pulinho no Palácio de Wackerbarth – e foi uma surpresa mais que agradável!!!

A primeira surpresa foi que chegando no estacionamento me deparei com uma colina, o que  não esperava ver por ali, pois no caminho até lá passamos por áreas relativamente planas e de repente vejo aquela serra na minha frente.

O jardim barroco com a Belvedere ao fundo

A segunda surpresa é que o Schloss Wackerbarth é mais que um palácio, ali funciona também uma vinícola. O Palácio de Wackerbarth se localiza no estado da Saxônia – um estado que eu não necessariamente associo a produção de vinho, pois quando se fala em produção de vinho alemão, penso por exemplo na região do rio Reno e do rio Mosel, tradicionais regiões de vinícolas na Alemanha. Mas o Palácio de Wackerbarth é uma das vinícolas mais famosas e renomadas da Saxônia.

O Palácio de Wackerbarth foi construído aos pés de uma colina de videiras entre os anos de 1727 e 1730 por August Christoph Conde de Wackerbarth. August Christoph foi um ministro de estado a serviço de Augusto II, o Forte – que foi duque da Saxônia e rei da Polônia. Naquela época a corte comemorou muitas festas no Palácio de Wackerbarth. Após a morte de August Christoph, o Palácio de Wackerbarth mudou de proprietário por inúmeras vezes ao longo dos séculos seguintes. Hoje em dia, o Palácio de Wackerbarth e sua vinícola pertencem ao estado da Saxônia.

O palácio em si não é grande, mas juntamente com seu jardim barroco e a Belvedere forma um belo conjunto. E está inserido em uma paisagem bem idílica, aos pés da colina coberta por parreiras – o visual parece ter saído de um cartão-postal. E quando chegamos lá a atmosfera estava perfeita: céu azul, temperaturas agradabilíssimas e ainda tinha uma saxofonista tocando no jardim. Eu realmente fiquei encantada com o local!

O palácio com seu jardim

Primeiro nós subimos a colina para ter uma visão do alto e depois que descemos não podíamos deixar de degustar um vinho. Na área do jardim tinha um estande onde pode-se comprar uma taça de vinho ou alguma outra bebida e depois é só sentar em uma das mesas e cadeiras dispostas no jardim (funciona no esquema de self-service). O ambiente é super agradável – elegante e clássico, mas descontraído ao mesmo tempo.

Quem quiser fazer uma refeição, em um dos prédios que compõem o complexo funciona um restaurante que atualmente é aberto de quinta a domingo. E quem quiser conhecer um pouco mais do local, o Palácio de Wackerbarth oferece tours guiados pelo palácio e seus jardins, pela colina de videiras, entre outros.

O prédio que abriga o restaurante

E sendo uma vinícola, não poderia faltar a oferta de tour de vinho e tour de espumante, com visita a produção, adega e degustação das bebidas.  O tour de vinho e o tour de espumante tem duração de 1 hora e custa cada um 15 euros incluindo na degustação 3 tipos de vinhos/espumantes. Os tours de vinho e de espumante são oferecidos diariamente, sendo que o de vinho acontece às 14 horas e o de espumante às 16 horas. Outros tours podem ser oferecidos dependendo da época do ano.

O Palácio de Wackerbarth promove também uma série de eventos ao longo do ano, como eventos musicais, culinários, de dança, etc. No site tem toda a programação oferecida pelo Palácio de Wackerbarth (infelizmente o site está somente em alemao 🙁 ).

E as instalações do Palácio de Wackerbarth são abertas também a eventos corporativos ou privados, como festas de casamentos, celebrações de bodas, etc. No dia que estivemos lá tinha 2 casamentos e uma comemoração de bodas. Uma das noivas fazia sessão de fotos na colina, entre as parreiras!

Casal de noivos em sessão de fotos na colina

Quando a gente vê este ambiente clássico a gente se pergunta se ali realmente produz-se vinho. Mas também faz parte do complexo modernas instalações, que se diferenciam dos edifícios históricos por suas paredes de vidro, onde vinho e espumante são produzidos. E ao lado da fábrica, encontra-se também uma loja onde podemos adquirir vinhos, espumantes, mel, geléias, etc.

Parreiras do lado da moderna fábrica

A entrada no local é livre – você pode passear no jardim, subir a colina e caminhar entre as parreiras gratuitamente. Você só gasta se consumir alguma coisa.

O Palácio de Wackerbarth se localiza em Radebeul, uma cidade bem próxima a Dresden, ficando a cerca de 10 quilômetros do centro de Dresden. De Berlim fica a cerca de 2 horas de distância. O endereço do Palácio de Wackerbarth é: Wackerbarthstraße 1 – Radebeul – 01445.

Em termos de como chegar, a maneira mais fácil é de carro, pois o acesso direto com transporte público é possível a partir da cidade de Radebeul.

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Palácio de Bückeburg

Aproveitamos a viagem que fizemos para conhecer as atrações da Floresta de Teutoburgo para dar uma esticada até outros lugares e conhecer mais algumas atrações da Alemanha.

Como em um dos dias deste final de semana prolongado que fizemos tinha previsão de chuva, decidimos incluir na programação uma atração de ambiente fechado. E a escolha foi uma visita ao Palácio de Bückeburg – que já estava na nossa “wish list” há algum tempo, pois o palácio tem alguns belos salões em estilo barroco e rococó (os quais sou super fã!).

Sobre o Palácio de Bückeburg

O portal de entrada

O Palácio de Bückeburg foi a residência sede da família de nobres Schaumburg-Lippe, que até 1918 foi regente do principado soberano indepente de Schaumburg-Lippe. Com o fim da monarquia na Alemanha, a partir de 1918, o território deixa de ser governado por monarcas e em 1946 é incorporado ao novo estado da Baixa Saxônia.

Já desde 1925 algumas partes do palácio são abertas ao público para visitação, mas ainda hoje o Palácio de Bückeburg continua sendo a residência oficial dos Schaumburg-Lippe. O Palácio de Bückeburg é na verdade um complexo, composto pelo palácio em si e nas suas laterais existem2 belos prédios que serviam para abrigar a corte e seus hóspedes.

Um dos prédios laterais

Alexandre Príncipe de Schaumburg-Lippe mora em uma destes prédios laterais. Inclusive quando estivemos lá e uma das funcionárias saiu na porta para nos indicar um caminho, ela nos disse “ah, olha lá, é o príncipe chegando”. Ele saia do carro com uma caixa grande e entrou na ala onde mora – meu marido ainda brincou e disse “e é ele mesmo que tem que carregar as caixas?!” (rsrsrs)

Hoje em dia, além de ser aberto ao público para visitação, o Palácio de Bückeburg também é   aberto para abrigar eventos privados, como casamentos, celebrações, conferências, etc. Além disto, eles promovem também festivais e eventos, como uma feira de Natal que geralmente acontece nos dois primeiros finais de semana do Advento, e um festival medieval.

A praça em frente ao portal do palácio

O Palácio de Bückeburg, que se localiza na cidade de mesmo nome, tem mais de 700 anos de história. Já em 1304, a edificação é mencionada em registros históricos sob o nome de “Buckeborch“. Neste época, a construção que tinha uma estrutura de fortificação, servia de residência e também tinha o propósito de monitorar e defender uma importante rota comercial que se estendia do Báltico até o rio Reno, passando por esta região.

À partir de 1560 a fortaleza medieval é transformada em um representativo palácio renacentista com quatro alas. No século seguinte os jardins são remodelados e novas construções no entorno do palácio e na cidade são feitas. No século 18, o interior e a fachada do Palácio de Bückeburg são remodelados no estilo barroco.

Jardim do palácio

O Palácio de Bückeburg é circundado pelas águas, formando uma imagem muito bonita. E como é comum nestes palácios, faz parte dele um parque com bonitos jardins que são convidativos para um agradável passeio.

Vista dos fundos do palácio

A visita ao Palácio de Bückeburg

Geralmente a visita ao palácio é feita em um tour guiado, mas como estivemos lá ainda no período de restrições e distanciamento social, tivemos que fazer a visita sem acompanhamento – o que foi até bom, pois pudemos visitar no nosso ritmo e tirar fotos sem pressa (rsrs).

Neste tour, achei que foram relativamente poucos os cômodos que tivemos acesso – não sei se em um tour guiado visita-se mais cômodos – mas valeu muito a pena, pois tem alguns salões que são simplesmente espetaculares.  E estes foram as áreas e salões que tivemos acesso:

– Pátio

Depois de passarmos pelo controle dos ingressos, o pátio interno foi a primeira área do palácio que tivemos acesso. Este pátio mantém seu estado original de 1562, sendo que originalmente as paredes eram rebocadas de branco, as molduras das janelas eram pintadas de verde e alguns elementos eram pintados de vermelho.

Do pátio tem-se acesso ao interior do palácio e a impressionante capela, que é integrada ao prédio. 

– Capela

A capela foi construída em 1395 e nos anos de 1603 a 1608 teve seu teto e suas paredes decorados com afrescos e ornamentos dourados. Os tons dos afrescos são bem escuros, deixando a capela relativamente escura, mas como um todo a capela é bem impressionante.

Os afrescos e ornamentos são riquíssimos com tantos detalhes que não dá para processar tudo. O teto arqueado é belíssimo, a parede e a mesa do altar são super rebuscadas.

Detalhes da capela

A fechadura da porta da capela já chama a atenção – construção similar eu nunca tinha visto!

A “pequena” e “simples” fechadura da porta da capela

– Salão Dourado

Uma outra porta no pátio dá acesso aos demais cômodos do palácio. Uma escada nos leva ao Salão Dourado – que mantém sua decoração deste 1605.

Ainda impressionada com a capela, cheguei neste salão e foi um “Uau!” – pois me deparei com um cômodo super rebuscado.  O dourado e o vermelho dão o tom neste salão – uma tapeçaria vermelha cobre as paredes, que são ainda ornamentadas com molduras douradas e quadros.

O teto, predominantemente em dourado, é ricamente ornamentado. Nos cantos do teto, pinturas que representam os 4 elementos: água representada por Netuno, a terra representada por Ceres, o ar representado por Éolo e o fogo representado por Vulcano.

O impressionante portal

E sem falar no portal que dá acesso ao próximo salão – é uma obra de arte fantástica!!  O portal é também ornamentado com figuras da mitologia: do lado direito a escultura de Venus, a deusa do amor; do lado esquerdo a escultura de Marte, o deus da guerra; e na parte superior Mercúrio, o deus do comércio.

A rebuscada porta

Salão da Tapeçaria

O próximo cômodo é o Salão da Tapeçaria, que é menos rebuscado que o salão anterior, mas não menos bonito. Eu diria que o Salão da Tapeçaria é mais clean. Este salão era originalmente dividido e após ter utilização diversa ao longos dos séculos, hoje em dia serve de sala de jantar para 50 pessoas.

O teto tem ornamento simples e as paredes são pintadas com um azul forte e muito bonito. Tepetes com quase 400 anos de idade, estão pendurados nas paredes. Quadros e pratos de porcela complementam a decoração das paredes.   

Duas vitrines, cadeiras e pequenas mesas são os móveis que hoje decoram o salão.

Salão Branco

O Salão Branco se encontra em um nível mais baixo que os cômodos anteriores. Esta salão foi construído em uma parte do palácio que tem cerca de 700 anos.

Como o nome já indica, aqui predomina a cor branca – os belos ornamentos em alto relevo do teto e das paredes são exclusivamente na cor branca. Estes ornamentos do teto e o lustre são de 1696! Um discreto contraste de cor fica por conta de faixas compridas de mármore cor bege escuro nas paredes e mármore rosa na parte inferior das paredes.  

Este foi outro cômodo que achei belíssimo, acho que justamente por ser até mais “simples” e ter cores mais leves, formando um conjunto bem harmonioso.

Este cômodo, que eu chamaria de sala, pois não é tão grande se comparado com outros, serve para recepcionar convidados.

Salão de Festas

 Ao visualizar este salão minha reação foi de “Uau!!”! Primeiro que é imenso – tem 24 metros de comprimento e 9 metros de altura. Segundo que é simplesmente suntuoso e belíssimo.

Comparado com os demais, o Salão de Festas é bem novo, ele foi construído em 1893 e por isto já contou com algumas comodidades – modernas para a época – como luz elétrica. A arquitura do salão é inspirada no estilo rococó. 

Este é para mim o salão mais bonito do palácio. O mármore rosa nas paredes, a bela pintura no teto, os ornamentos em alto relevo – tudo formando um conjunto bem harmonioso. Fiquei imaginando o salão elegantemente decorado para uma festa, um jantar – um sonho :-)!

Salão Amarelo

E como não podia deixar de fazer jus ao nome, no Salão Amarelo predomina a cor amarela. Este salão foi usado como “Salão das Damas”.

As paredes deste cômodo são cobertas por um papel de parede amarelo e no mesmo tom é o tecido que cobre o estofamento das cadeiras e sofás e das cortinas.

O teto é pintado de amarelo clarinho, sendo ornamentado com estuques brancos. Belos lustres penduram do teto.

Complementando o ambiente e a decoração, quadros e alguns conjuntos de vasos de porcelana de cores variadas.

– Sala dos Fumantes

Naquela época não era comum fumar na presença das damas, por isto, os homens se retiravam para uma sala a parte. A sala acabava sendo também um ponto de encontro para um bate-papo, para tomar um aperitivo ou jogar.

Antes de entrar na sala, os homens trocavam seus fraques por um casaco especial, usado para fumar, o chamado “casaco de smoking” (em inglês to smoke significa fumar) – daí tem-se a origem desta peça de roupa.

– Mausoléu

O ingresso do palácio dá direito também de visitar o mausoléu, que é uma construção a parte do palácio. Ele encontra-se nas extremidades do parque do palácio, a cerca de 10-15 minutos de caminhada do palácio.

O mausoléu

O mausoléu foi construído entre 1911 e 1915 para sepultar os membros da família de nobres Schaumburg-Lippe. Desde então 18 membros da família já foram sepultados lá e mais 8 no cemitério de urnas que se encontra fora do mausoléu.

O mausoléu por fora

O mausoléu é monumental – de longe parece mais uma igreja. No seu interior a cúpula impressiona: tem  cerca de 500 metros quadrados é decorada por mosaicos dourados, composto por milhões de pedrinhas.

Detalhe da cúpula do mausoléu

– Estábulos

O ingresso também dá direito a visitar os estábulos – uma construção bem próxima do palácio. Ali funciona a “escolha de hipismo real “, mas também como um museu.

De um lado do prédio pudemos ver cavalos nas cocheiras e do outro lado há uma exposição com selas, acessórios e uma carruagem.

Informações Básicas

Endereço: Schlossplatz 1 – Bückeburg – 31675

O Palácio de Bückeburg fica a pouco mais de 60 quilômetros da cidade de Hannover e a cerca de 50 quilômetros de Detmold (uma das cidades na região da Floresta de Teutoburgo e onde estávamos antes).

Como Chegar: Nós estávamos de carro, mas Bückeburg pode ser acessada de trem, tendo conexões diretas entre Hannover e a cidade. Da estação de trens de Bückeburg até o palácio é cerca de 1 quilômetro. Clique aqui para acessar o site da Deutsche Bahn, a empresa alemã de trens

Horário de funcionamento:

De segunda a sexta-feira: das 11 às 17 horas

Aos sábados, domingos e feriados:  das 11 às 18 horas

Obs.: Os horários listados acima são or horários normais, mas neste período pós lock-down (que foi quando visitamos o palácio) os horários de abertura estavam reduzidos para sábados, domingos e feriado – das 12 às 18 horas. Portanto, é recomendável confirmar os horários de funcionamento quando da sua visita.

Preço do ingresso:
De segunda a sexta-feira: 9,50 euros / 8,00 euros reduzida (permite visita ao palácio e estábulos)

Aos sábados, domingos e feriados: 12,50 euros / 12,00 euros reduzida (permite visita ao palácio, estábulos e mausoléu)

Neste prédio se encontra o tradicional e agradável restaurante Ratskeller-Bückeburg…..
…. onde você pode saborear um “pequeno” Schnitzel acompanhando de uma cerveja alemã
Ambiente do restaurante Ratskeller

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Um passeio na Floresta de Teutoburgo

Aproveitando um final de semana livre (pois como guia de turismo em Berlim nem sempre tenho estes dias livres), fizemos uma curta viagem para a floresta de Teutoburgo (em alemão Teutoburger Wald) – uma região que ainda não conhecíamos e que tem algumas atrações famosas.  A floresta de Teutoburgo fica a pouco mais de 4 horas de viagem de Berlim – saimos no final da tarde de sexta-feira e sendo verão e com dias longos, ainda chegamos com o dia claro.

Onde se localiza a floresta de Teutoburgo?

A floresta de Teutoburgo é uma região de matas e serras que se estende por dois estados da Alemanha, os estados da Renânia do Norte-Vestfália e da Baixa Saxônia. A floresta de Teutoburgo faz fronteira com a cidade de Paderborn no leste e Osnabrück no noroeste. Outras cidades conhecidas ao longo da região são Bielefeld e Detmold.

Quase toda a floresta de Teutoburgo pertence a dois parques naturais: na parte noroeste da região encontra-se o “Terra.vita – parque natural e geoparque” e na parte sudeste da região encontra-se o “Parque Natural Floresta de Teutoburg/Eggegebirge” que com seus mais de 2.700 quilômetros quadrados de área é um dos maiores parques naturais da Alemanha. O ponto mais alto da cadeia de serras é o Barnacken, com 446 metros de altura, no extremo sudeste da região.

Atrações da floresta de Teutoburgo

A região da floresta de Teutoburgo

A região da floresta de Teutoburgo com seus parques naturais oferece a seus visitantes uma excelente rede de trilhas para caminhadas e ciclismo, sendo perfeita para os amantes da natureza e atividades ao ar-livre (neste link você pode encontrar sugestões de roteiros de bike). Diversas cidades ao longo da região também tem um centro histórico charmoso, com imponentes obras e construções de arquitetura típica alemã. Ou nelas ainda encontram-se palácios e castelos medievais.

Mas a floresta de Teutoburgo é conhecida por todo o país principalmente por conta da história. Há mais de 2 mil anos, quando o Império Romano ocupava a região, houve uma batalha na floresta, a qual os povos germânicos venceram e assim se livraram da ocupação dos romanos. Para lembrar esta batalha e seu líder germânico tem um monumento gigante, o Hermannsdenkmal que é uma das principais atrações da região. Outro atração famosa da floresta de Teutoburgo são as místicas formações rochosas Externsteine

– Hermannsdenkmal (“Monumento de Hermann”)

O Hermannsdenkmal é um dos cartões-postais da floresta de Teutoburgo, sendo um dos destinos turísticos mais populares da região, atraindo cerca de 500.000 visitantes por ano.

O monumento foi feito para lembrar Arminius e a Batalha da Floresta de Teutoburgo que aconteceu no ano 9 d.C.. Neste período esta área era ocupada pelos romanos que procuravam se expandir cada vez mais. Os germanos, sob a liderança de  Arminius – príncipe de uma das um tribos germânicas chamada de queruscos – derrotaram em apenas 3 dias as legiões romanas, que eram consideradas imbatíveis. Esta derrota mudou para sempre os esforços dos romanos de conquistarem as regiões povoadas pelos germânicos a direita do rio Reno.

Triunfando!

Localizado em uma colina cercada pela mata, o Hermannsdenkmal é um monumento imponente e colossal. Já de longe pode-se vê-lo – em cima de uma base alta, uma escultura gigante segurando triunfantemente uma espada com o braço estirado para o alto. A impressão que passa é exatamente de determinação, força, vitória e soberania. Vista do alto parece imperar sobre a floresta.

Com uma altura total de 53,46 metros o Hermannsdenkmal é a maior estátua da Alemanha – somente a figura tem 26,57 metros de altura e a espada tem 7 metros de comprimento.

Apesar da batalha ter acontecido a mais de 2 mil anos, o monumento foi construído somente no século 19. O Hermannsdenkmal foi construído entre 1838 e 1875 de acordo com os planos de Ernst von Bandel e inaugurado em 16 de agosto de 1875.

 O Hermannsdenkmal se localiza próximo da cidade de Detmold, a cerca de 10-15 minutos de carro. Do estacionamento para o monumento são 5 minutinhos de caminhada.  O acesso ao monumento é gratuito, sendo cobrado somente se a pessoa quiser subir na base do monumento – de onde pode-se ter uma vista do alto da área.

Atividade que pode ser praticada na área

Entre o estacionamento e o monumento encontra-se um restaurante e um pequeno playground. E para quem gostar de um pouco de aventura, nesta área da mata pode-se praticar o arvorismo – a escalada e travessia de plataformas montadas no alto das árvores.

As formações rochosas Externsteine

Outro cartão-postal e destaque da floresta de Teutoburgo são as Externsteine – impressionantes formações rochosas de arenito. Elas são uma atração natural marcante da Alemanha e hoje são protegidas como patrimônio natural e cultural.

De fato, a visão delas é bem marcante e impressionante. A gente anda por um caminho cercado de árvores e de repente se depara com o imponente conjunto de rochedos adiante, como se surgissem do nada, pois a área em volta é relativamente plana, sem pedras. De um lado dos rochedos a floresta e do outro lado um lago onde as rochas se espelham.

O conjunto da Externsteine é composto por 13 rochedos, das quais algumas surgem mais isoladamente em forma de rochas pequenas e se elevam em uma fileira de rochedos com até quase 40 metros de altura.

Dois rochedos são interligados por uma ponte e alguns deles podem ser escalados através de duas escadas que foram esculpidas na rocha. Quem encarar os 124 degraus será compensado com uma vista da natureza ao redor.  

Ponte interliga dois rochedos

Além do seu encanto natural, as formações rochosas Externsteine são também um monumento cultural único que fascina as pessoas há séculos como um local místico e sagrado. As  Externsteine chegam a ser chamadas de “Stonehenge da floresta de Teutoburgo”.

Existem inúmeros vestígios de atividade humana nas formações rochosas Externsteine que levam a muitas especulações e interpretações:

–  Relevo da Deposição da Cruz: O monumental relevo esculpido em um dos rochedos mostra a cena da retirada do corpo já morto de Jesus da cruz. Historiadores estimam que este relevo seja do século 12.

–  Grutas artificiais: Na parte inferior do rochedo encontram-se três grotas que são  interligadas. Na parede de uma delas encontra-se a imagem de Pedro esculpida.

Relevo da Deposição da Cruz

– Tumba de pedra: Aos pés do rochedo, próximo ao lago, encontra-se a chamada tumba de pedra – um nicho em forma de tumba com o contorno de uma figura humana em tamanho real esculpido na rocha.

– “Sala superior”: Na parte superior do rochedo encontra-se um espaço sem teto esculpido da rocha e com um nicho em cada um dos lados. Um dos nichos é arqueado e com um pedestal no centro, como uma espécie de altar estreito. Na parede, acima do pedestal há uma abertura redonda, formando uma janela, que alguns supõem que servia para observações astronômicas.

A idade exata destes vestígios e sua função original ainda são controversas e intriga os pesquisadores. Já no século XVI, assumiu-se que o local teria sido um santuário germânico pagão transformado em santuário cristão. Apesar de muitos, ainda hoje, serem da opinião que o local tenha sido um importante santuário no período celta ou germânico, não há evidências arqueológicas para isso. 

A bela vista das Externsteine à partir do lago

As formações rochosas Externsteine foram um santuário germânico, um observatório astronômico ou uma reprodução de locais sagrados de Jerusalem?  Existem muitos lendas e mitos com relação as Externsteine, muitas interpretações das mais diversas áreas – das artes, historiadores, religiosos, astrônomos e arqueólogos – mas até hoje permanece um mistério sobre o seu real uso no passado. E provavelmente é justamente este mistério que faz com que as Externsteine gerem um fascínio maior ainda nas pessoas. Estima-se que as formações rochosas Externsteine recebam de 500 mil a um milhão de visitantes por ano.

As formações rochosas Externsteine se localizam a menos de 20 quilômetros do Hermannsdenkmal. O local conta com uma boa infra-estrutura, tendo um centro de informações e um agradável restaurante. Do estacionamento para as formações rochosas Externsteine são cerca de 5-10 minutos de caminhada.

– Detmold

Detmold foi a cidade que nos hospedamos pois é um ótimo ponto de partida para as atrações mencionadas acima, ficando bem próxima do Hermannsdenkmal e das formações rochosas Externsteine. Além disto, a escolhemos pois a cidade também merece um passeio.

Detmold é uma daquelas pequenas cidades do interior da Alemanha com um charmoso centrinho. Felizmente a cidade sobreviveu intacta às guerras, tendo assim um centro histórico bem preservado, com construções de diferentes épocas: as típicas casas enxaimel da época medieval, construções do período Biedermeier (1830 a 1860) e a arquitetura clássica do final do século 19.

Arquitetura de diferentes épocas no centro de Detmold

O centro histórico de Detmold é relativamente pequeno, podendo ser facilmente explorado em um passeio a pé. Nós nos hospedamos no Hotel Lippischer Hof que fica de frente para a Lange Str. – uma rua de pedestres com lojas e restaurantes que corta o centro histórico.

A Prefeitura de Detmold na Marktplatz

Seguindo pela Lange Str., chega-se a Marktplatz, uma pequena praça central do centro antigo. Nesta praça encontram-se o prédio da prefeitura e a igreja mais antiga da cidade, a Igreja do Redentor. Na Marktplatz acontece uma feira livre as terças, quintas e sábados.  

O Palácio de Detmold

Atrás da prefeitura encontra-se a Praça do Palácio e o Palácio de Detmold que foi construído no século 16. De 1468 a 1918 a cidade de Detmold foi a capital do Principado de Lippe e este palácio foi a residência dos condes e príncipes de Lippe. Hoje em dia, o herdeiro destes nobres e sua família ainda moram em uma parte do palácio. Mas o palácio é também aberto a visitação pública. A visita ao palácio é feita em um tour guiado em alemão, mas solicitando é fornecido texto impresso em outras línguas para acompanhar o tour.     

Os bequinhos medievais em Detmold

Merece destaque ainda, a Auguststraße, a Grabenstraße e a Adolfstraße, ruas transversais a Lange Str., que são no melhor estilo medieval – curtas, estreitas e com as super antigas e típicas casas alemãs. A Wallgraben, uma rua a beira de um estreito canal também é bem agradável para passear.

A charmosa rua ao longo do canal

– Blomberg

A cidade de Blomberg se encontra a apenas 20 quilômetros de Detmold e não fazia parte do nosso roteiro. Mas após visitar as Externsteine e o Hermannsdenkmal nos dirigíamos para nosso próximo destino e ao longo do caminho procurávamos um lugar legal para almoçar, pois já tinha passado da hora e estávamos com muita fome 🙁

Ao ver uma placa indicativa para a cidade, meu esposo resolveu entrar na cidade para darmos uma olhada e ver se encontrávamos um lugar para almoçar. Bem, não só encontramos como a cidade foi uma grande e agradável surpresa!!! Depois do almoço ainda demos uma voltinha pela cidade para explorar melhor seus cantinhos.

A cidade não é turística, mas tem um centro histórico super bem preservado, com ruelas mais que charmosas e casas enxaimel antiquíssimas, construídas nos séculos 16 e 17.

E ainda passamos por lá no período das rosas – que embelezam mais ainda muitas das casas. Bem, vejam as fotos e tenham suas próprias impressões.

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Revolta de 17 junho de 1953 na Alemanha Oriental

Em 17 de junho de 1953, cerca de um milhão de pessoas vão as ruas em Berlim Oriental e outras cidades da República Democrática Alemã para protestar contra as condições políticas e econômicas, expressando sua insatisfação com os crescentes problemas sociais, autoritarismo e repressão do governo comunista.

As causas da revolta popular na Alemanha Oriental remontam a 2ª Conferência do SED – o Partido Socialista Unificado da Alemanha (em alemão Sozialistische Einheitspartei Deutschlands) em julho de 1952, quando Walter Ulbricht, o chefe do partido, anuncia a “construção do socialismo”.  Isto significa que o, já em andamento, processo de reorganização do estado, da economia e da sociedade da Alemanha Oriental de acordo com o modelo soviético será acelerado.

Walter Ulbricht na 2a. Conferência do SED (Fonte: wikipedia.org)

Após a conferência, o governo socialista intensifica a doutrinação ideológica, o culto a Stalin e a “luta de classes” contra inimigos do Marxismo-Leninismo, como a Igreja – cristãos são cada vez mais marginalizados e criminalizados. No setor da economia, é dado prioridade a expansão da indústria pesada, enquanto autônomos, comerciantes e agricultores são forçados a coletivização. As novas cooperativas de produção agrícola visam aumentar a produção, uma vez que o confisco de propriedades e a reforma agrária já em prática na metade dos anos 1940 levou ao abandono de muitas  fazendas. A centralização da estrutura do estado e a militarização do país com a formação da “Kasernierte Volkspolizei” (o precursor do exército da Alemanha Oriental) também fazem parte das medidas tomadas pelo regime no processo de expansão do socialismo.

As medidas implementadas criam problemas não esperados, como crise alimentar, declínio no padrão de vida e redução na produção industrial. A priorização da indústria pesada e da indústria de armamentos ocorre às custas da produção de bens de consumo – produtos de necessidade básica tornam-se escassos. Campanhas para atrair jovens para as forças armadas desviam dezenas de milhares de jovens profissionais de todos os setores da economia – dos 55 mil homens no início de 1952, o número de soldados cresceu para mais de 90 mil em dezembro de 1952 e para 113 mil até a metade de 1953. Além disto o aumento das despesas com armamentos, como tanques,  artilharia e armas, compradas em Moscou, abre outro buraco nas contas da Alemanha Oriental.

Resistência à “construção do socialismo” é reprimida – entre a metade de 1952 e o meio do ano de 1953 o número de presos políticos cresceu de 37 mil para 67 mil pessoas. A crise econômica e política leva muitos a deixarem a Alemanha Oriental – de julho de 1952 até o final de abril de 1953 cerca de 300 mil pessoas fogem para a Alemanha Ocidental.

Cartaz com reivindicação de “eleições livres” (Fonte: www.landeskirche-hannovers.de)

A morte do líder soviético Josef Stalin em março de 1953 alimentou esperanças de melhoria. Entretanto a liderança do partido socialista da Alemanha decidiu em 14 de maio de 1953 mudar as normas de trabalho – os trabalhadores teriam que trabalhar mais pelo mesmo salário. Enquanto isto, a nova liderança da União Soviética que está ciente da crise na Alemanha Oriental, leva o partido socialista da Alemanha a reconhecer os erros cometidos e a seguir um “novo curso”.

Em 09 de junho de 1953 o partido socialista da Alemanha anuncia seu “novo curso” prometendo a libertação de presos políticos, a devolução das propriedades as famílias de camponeses e comerciantes, o fim da perseguição a igreja, assim como, a partir de então, o abastecimento da população deveria ser melhorado. Mas, de acordo com a vontade dos líderes da Alemanha Oriental, as mudanças nas normas trabalhistas não devem ser revertidas.

Demonstrantes da Revolta popular de 1953 (Fonte: www.tagesschau.de)

Principalmente os trabalhadores se sentem desfavorecidos com esta política.  Nos dias 15 e 16 de junho já houve protestos e greves nos principais canteiros de obras em torno da Alameda do Stalin em Berlim Oriental – os operários da construção civil exigem a redução das normas de trabalho.

As manifestações continuaram no dia seguinte. Desde as 6 horas da manhã do dia 17 de junho, os trabalhadores de reúnem em diversas fábricas e empresas. As mudanças das normas de trabalho são apenas o estopim para a demonstração de insatisfação e protesto. Agora, os demonstrantes reivindicam também a renúncia do governo, eleições livres e a reunificação do país. Dos mais diversos bairros de Berlim, formam-se grupos de demonstrantes em direção a pontos de encontro na Alameda do Stalin. Por volta de 8 horas da manhã, a polícia tenta, em vão, dispersar a multidão reunida na Strausberger Platz. Os milhares de demonstrantes seguem para a “Casa dos Ministérios” na Leipziger Straße. Milhares de pessoas protestam no Portão de Brandenburgo, na Alexanderplatz e por toda a cidade. A população vai às ruas não somente em Berlim Oriental – acontecem greves e protestos em mais de 700 cidades da Alemanha Oriental.

Milhares de demonstrantes em frente a “Casa dos ministérios” (Fonte: www.welt.de)

A dimensão das manifestações sobrecarrega os líderes socialistas que deixam o comando das ações de repressão dos protestos nas mãos das tropas soviéticas. A União Soviética declara estado de emergência em 167 dos 217 municípios. As tropas soviéticas, com participação da Kasernierten Volkspolizei, repreendem os protestos brutalmente. Tanques soviéticos rolam pelas ruas de Berlim Oriental e tiros são dados.  As manifestações por melhores condições de vida, por democracia e por liberdade na Alemanha Oriental custam dezenas de vidas e deixam centenas de feridos. Cerca de 15 mil pessoas são presas por conta das manifestações, mais de 1500 são julgadas e condenadas a prisão, algumas condenadas a morte. 

Tanques soviéticos nas ruas de Berlim (Fonte: www.mdr.de)

Um grupo de pesquisa sobre as vítimas da revolta de 17 de junho concluiu que houve 55 vítimas fatais:

  • 34 pessoas são mortas a tiros pelas tropas soviéticas e polícia;
  • 5 homens são condenados a morte pelas tropas soviéticas e 2 por um tribunal da Alemanha Oriental;
  • 4 prisioneiros cometem suícidio, outros 4 morrem em decorrência das condições sub-humanas da prisão;
  • 1 demonstrante morre de parada cardíaca ao invadir uma delegacia;
  • 5 integrantes dos órgãos de segurança da Alemanha Oriental são mortos: ao defender uma prisão, 2 policiais e um funcionário da Stasi são mortos a tiros por desconhecidos, um segurança é morto por uma multidão enfurecida e outro policial é morto acidentalmente por um soldado soviético.
Vítima da repressão aos protestos (Fonte: www.ndr.de)

Como reação, o governo oriental diz, já no dia 18 de junho, que as manifestações foram uma “provocação facista”. Por outro lado, os líderes da Alemanha Ocidental lembram as vítimas dos protetos em um ato no parlamento alemão no dia 21 de junho de 1953 – o mesmo não ocorre na Alemanha Oriental.  Além disto, em 03 de julho de 1953, o governo ocidental declara o dia 17 de junho como “Dia da unidade alemã”, sendo feriado na data na Alemanha Ocidental até 1990. Algumas ruas de cidades da Alemanha Ocidental ainda são renomeadas para lembrar os protestos de 1953 e suas vítimas, como a rua que corta o parque Tiergarten, em Berlim Ocidental, que foi renomeada em “Rua 17 de Junho”.

“Praça da Revolta Popular de 1953”

Também para lembrar a data, desde junho de 2000, em frente ao prédio do Ministério das Finanças, que em 1953 abrigava a “Casa dos Ministérios” do governo oriental, encontra-se o “Memorial para os acontecimentos de 17 de junho de 1953”. Embutido no chão pode-se ver uma imagem de vidro que mostra os manifestantes a caminho da antiga Casa dos Ministérios e na lateral encontram-se painéis informativos sobre os acontecimentos de junho de 1953.

Memorial para lembrar os acontecimentos de 17 de junho de 1953

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Um discurso que entrou para a história

Foram somente 11 palavras, mas que juntas formavam uma forte mensagem e que acabaram entrando para a história de Berlim e do mundo.

“Mr. Gorbachev, open this gate. Mr. Gorbachev, tear down this wall.” (“Sr. Gorbachev, abra este portão. Sr. Gorbachev, derrube este muro!”) – estas são as 11 palavras em inglês pronunciadas por  Ronald Reagan em um discurso em 1987.

Uma frase aparentemente “simples” e que hoje pode levar muitos a se perguntar “o que há de tão especial na frase?” Mas quem as pronunciou, para quem eram dirigidas e o momento político que se vivia na época formavam um contexto muito complexo.  

Em 1987 o mundo, depois da Segunda Guerra Mundial, continuava dividido politicamente em Bloco Oriental, comunista, e Bloco Ocidental, capitalista e vivia uma Guerra Fria, liderada por duas grandes potências – os Estados Unidos e a União Soviética.  O símbolo mais marcante desta guerra e desta divisão política do mundo se encontrava em Berlim: mais especificamente o Muro de Berlim.

Por conta das comemorações dos 750 anos da cidade, o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan visita Berlim Ocidental e faz um discurso onde diz as frases citadas acima. Este discurso aconteceu em 12 de junho de 1987 em um palco montado na beira do Muro de Berlim e do interditado Portão de Brandemburgo – também um símbolo da divisão da cidade e do país.

Ronald Reagan discursa em Berlim (Fonte: de.usembassy.gov)

Na presença do chanceler alemão Helmut Kohl, do presidente da Alemanha Ocidental Richard von Weizsäcker e do prefeito de Berlim Ocidental Eberhard Diepgen, às 14 horas daquele dia, o presidente americano diz para os 40 mil espectadores que se espalhavam pela rua 17 de Junho:

“”Nós saudamos mudanças e abertura; pois acreditamos que liberdade e segurança andam juntas,que o avanço da liberdade humana só pode fortalecer a causa da paz mundial. Há um sinal que os soviéticos podem fazer que seria inconfundível, que avançaria dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário Geral Gorbachev, se você busca a paz, se você busca a prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você busca a liberalização, venha aqui para este portão. Sr. Gorbachev, abra este portão. Sr. Gorbachev, derrube este muro!”

Placa que lembra o discurso

Hoje em dia, na opinião de alguns, este chega até a ser o discurso mais importante do mandado de Reagan. Mas na época o conteúdo do discurso foi motivo de controvérsias até entre os assessores do presidente americano. Alguns eram da opinião que a frase deveria ser removida do discurso, pois tinham receio que tal mensagem pudesse causar novas tensões nas relações entre Oriente e Ocidente assim como pudesse estragar a boa relação que o presidente Reagan construiu com o líder soviético Michail Gorbatschow.

Quando Ronaldo Reagan aclama Gorbatschow para “derrubar este muro” muito poucos acreditavam que um dia isto pudesse acontecer, naquele momente soava como uma utopia.  Mas menos de 2 anos e meio depois deste discurso, o que naquele momento parecia impossível , acabou acontecendo. Em 09 de novembro de 1989, Berlim Oriental abre suas fronteiras, o Muro de Berlim cai e com ele o regime comunista –ação que foi se espalhando por todo o Bloco Oriental.

O Muro de Berlim cai em 09 de novembro de 1989 (Fonte: www.bild.de)

Se o discurso de Ronaldo Reagan teve influência nos movimentos populares que levaram a queda do muro de Berlim e às mudanças é discutível. O que é indiscutível é que foi um célebre discurso e suas frases entraram para a história.  

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Humboldt Forum no Palácio de Berlim

O Palácio de Berlim ainda em fase de construção

Ao passar nas imediações da Catedral de Berlim, muitos brasileiros ao verem ou ouvirem a palavra “Humboldt Forum” pensam em um tribunal, um foro de justiça, mas aqui tem outro significado. “Forum”, neste caso, tem o sentido de algo cultural. E é isto que será o Humboldt Forum – um centro das artes, cultura e ciência, abrigando em seus mais de 40 mil metros quadrados museus, exposições e eventos culturais.

A fachada barroca em contraste com a moderna que leva o nome “Humboldt Forum”

O Humboldt Forum deve ser inaugurado neste ano de 2020 – se não houver novos atrasos e adiamentos, pois a data de inauguração já foi mudada algumas vezes!! – e será abrigado no Palácio de Berlim que está sendo reconstruído (leia mais abaixo a história do Palácio de Berlim), do lado da Catedral de Berlim  e Ilha dos Museus.

O Humboldt Forum ao lado da Catedral de Berlim

O local tem este nome em homenagem aos irmãos Alexander von Humboldt e Wilhelm von Humboldt, que também já emprestam seu nome a uma das universidades de Berlim. Wilhelm von Humboldt era linguista e foi o fundador da primeira universidade de Berlim, enquanto seu irmão Alexander fez diversas expedições científicas pela América Latina, Estados Unidos e Ásia Central.

A fachada do pátio do palácio

O Humboldt Forum abrigará as coleções do Museu Etnológico (Ethnologische Museum) – que conta com um acervo de cerca de 500 mil objetos arqueológicos e etnográficos da África, Ásia, América, Austrália e Pacífico Sul – e do Museu de Arte Asiática (Museum für Asiatische Kunst), que apresenta uma das coleções mais importantes do mundo de artes indo-asiáticas do século IV antes de Cristo até o presente. Estes dois museus se encontravam em Dahlem, um bairro mais afastado do centro e das principais atrações turística de Berlim e com sua mudança para o Humboldt Forum ficará ao lado dos renomados museus da Ilha dos Museus.

Outra fachada do pátio

O Humboldt Forum também abrigará a “Exposição Berlim” (Berlin Ausstellung), que deve mostrar como o mundo moldou Berlim e quais as influências que Berlim teve no mundo, e o “Laboratório Humboldt” (Humboldt Labor) que deve promover palestras, conferências e discussões assim como exibição de filmes, exposições e performances.

Exterior do Palácio de Berlim

O Humboldt Forum terá ainda uma ótima oferta gastrônomica – contará com dois restaurantes, dois Cafés e um bistrô.

Detalhes da fachada barroca reconstruída

 A história do Palácio de Berlim (Berliner Schloss ou Stadtschloss)

O Palácio de Berlim em 1939 (Fonte: www.morgenpost.de)

O Palácio de Berlim serviu como principal residência para reis da Prússia e imperadores da Alemanha. Também foi palco de momentos marcantes da história do país: é da sua sacada, em 1º. de agosto de 1914, que o imperador Guilherme II anuncia a entrada da Alemanha na 1º. Guerra Mundial. Quatro anos mais tarde, da mesma sacada, o político socialista Karl Liebknecht aclama por uma “república socialista livre da Alemanha”.

Portal IV do Palácio de Berlim (Fonte: berliner-schloss.de)

Mas a história do Palácio de Berlim se inicia já há muitos séculos atrás. Sua história tem início na metade do século 15 quando é originalmente construído com a função de forte. Ao longo dos séculos seguintes passou por inúmeras mudanças, reformas e expansões. À partir do século 16 vai sendo transformado em castelo renascentista e sua última forma – um monumental palácio barroco – foi finalizada pela metade do século 18, uma obra em grande parte do arquiteto Andreas Schlüter. 

Ainda como um palácio renascentista

Com o final da 1ª. Guerra Mundial e fim da monarquia na Alemanha, o Palácio de Berlim passa a ter a função de museu. Um dos bombardeios durante a 2ª. Guerra Mundial danifica severamente o palácio. Apesar dos danos causados pelo bombardeio, a estrutura do palácio se manteve, não apresentando risco de desabamento e assim podia ser restaurado, como diversas outras construções da cidade que foram danificadas na guerra, mas restauradas depois.

O Palácio de Berlim em 1945

Mas o Palácio de Berlim se localizava na área sob o comando comunista e o partido socialista, sob a direção de Walter Ulbricht, decide pela demolição do palácio. É uma questão ideológica – os comunistas vêem no palácio um símbolo do imperialismo e militarismo prussiano.  Apesar dos protestos da população e especialistas, que apontam para o valor histórico e arquitetônico do palácio, no dia 07 de setembro de 1950 tem início a demolição do Palácio de Berlim. Somente o Portal IV, com a sacada de onde Karl Liebknecht aclama por uma república socialista é preservado. Quando o Edifício do Conselho de Estado da Alemanha Oriental é construído no início dos anos 60, este portal é integrado a fachada do prédio. O espaço ora ocupado pelo palácio, que passa a se chamar Praça Marx-Engels, é usado para paradas e eventos.

Implosão do Palácio de Berlim em 1950

Entre 1973 e 1976 em uma parte do espaço que ocupava o Palácio de Berlim é construído o Palácio da República (Palast der Republik), um prédio moderno e que abrigava o parlamento da Alemanha Oriental e um centro cultural, com espaço para shows, exposições e eventos, assim como restaurantes e bares. Após a queda do muro de Berlim e a reunificação da Alemanha, entre 2006 e 2008, o Palácio da República é demolido pois o prédio estava contaminado com amianto – uma substância que pode provocar doenças graves como câncer.

O “Palácio da República” da Alemanha Oriental (Fonte: www.mdr.de)

Após longas discussões públicas, decidiu-se pela reconstrução do Palácio de Berlim como um centro cultural – o Humboldt Forum. O projeto do arquiteto Franco Stella prevê a reconstrução de três fachadas barrocas do palácio e a fachada leste, que dá para o rio Spree, em estilo moderno. Nesta fachada se encontra a inscrição “Humboldt Forum”. Entretanto, o interior do palácio, de seus salões não serão reconstruídos em seu estilo antigo e barroco.

O espaço vazio em 2009, antes do início da reconstrução do Palácio de Berlim
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As Marcas da Segunda Guerra Mundial em Berlim

Quando o General Keitel assina, em 08 de maio de 1945, a rendição da Alemanha, colocando um ponto final na II Segunda Guerra Mundial na Europa, o país está devastado. A guerra, que durou 2085 dias, deixou um rastro de destruição sem precedentes! A cidade de Berlim é uma das mais atingidas – a infraestrutura fica severamente comprometida, o abastecimento paralisado e muitas habitações destruídas. Resultado de diversos bombardeios e da batalha final pela tomada da cidade. Saiba mais sobre o fim da Segunda Guerra Mundial clicando aqui!!

Em 1940 Berlim já sofre um primeiro ataque aéreo, mas os bombardeios se intensificaram entre 1943 e 1945. No total a cidade sofreu 363 bombardeios, quando milhares e milhares de toneladas de bombas foram jogadas sobre a cidade. O resultado: de 1.562.641 habitações, apenas 370.000 ficaram intactas podendo ser habitadas. Mais de 500 mil foram totalmente destruídas, cerca de 100 mil foram severamente danificadas e 380 mil foram levemente danificadas.

Destruição em Berlim no final da 2a. Guerra (Fonte: wikimedia.org)

Vendo estes números a gente pensa “como esta cidade pode ser reconstruída?!” Mas Berlim, assim como outras cidades da Alemanha,  foi reconstruída. Na verdade o processo de reconstrução de Berlim ainda está em andamento.

No pós guerra, surgem os conflitos políticos e ideológicos que levam a divisão do país e da cidade, assim como a construção do muro de Berlim. Berlim Ocidental e capitalista vive o chamado “milagre econômico” à partir da metade dos anos 50 e vai sendo reconstruída. Berlim Oriental e socialista, por sua vez não tem o mesmo desenvolvimento econômico e com o passar do tempo se enfraquece mais ainda. Diversas construções não são reconstruídas e/ou restauradas, muitas outras, por falta de investimento, degradam mais ainda, ficando uma herança de prédios decadentes e muito espaço vazio no centro da cidade. Com isto, depois da queda do muro e da Reunificação da Alemanha em 1990, Berlim passa por um boom de construções, restaurações e reconstruções que dura até hoje.

Berlim em constante transformação

Mas, mesmo depois de décadas após a guerra e de reconstruções e restaurações, ainda é possível ver alguns sinais e cicatrizes que a guerra deixou em Berlim. É possível ver algumas ruínas, encontrar instalações feitas para a guerra ou as marcas deixadas pelos bombardeios e batalha que a cidade sofreu. 

Muitos turistas que acompanho ou leitores do blog sempre me perguntam onde podem ver em Berlim os restos e marcas da II Guerra Mundial. Para você que tem interesse neste tema, abaixo fiz uma lista de ruínas, objetos e coisas remanescentes da II Guerra Mundial em Berlim.

=> Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche (Igreja da Memória)

As ruínas da Gedächtniskirche

Com certeza a mais famosa das ruínas da II Guerra Mundial em Berlim. A igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche ou simplesmente chamada de Gedächtniskirche foi drasticamente danificada durante um bombardeio em novembro de 1943. Clique aqui para obter mais informações sobre a Igreja da Memória.

O que restou dela – seu hall de entrada – é aberto a visitação e abriga uma exposição com fotos e objetos da igreja original, que devem lembrar os acontecimentos e destruição causada pela Segunda Guerra. Tanto por fora quanto por dentro você pode observar as marcas da guerra: buracos nas paredes, rachaduras no teto.

Igreja da Memória antes da guerra (Fonte: www.rbb-online.de)

==> Inscrições russas no Reichstag

Inscrições russas nas paredes do parlamento

Em abril de 1945 Berlim vai sendo tomada pelo Exército Vermelho. No dia 30 de abril soldados hasteiam a bandeira soviética no topo do Reichstag – o prédio do parlamento, simbolizando assim sua vitória sobre a Alemanha nazista. Além da bandeira os soldados também deixam suas marcas nas paredes internas do prédio – seus nomes, mensagens, xingamentos, etc.

Nas restaurações após a guerra estas inscrições foram cobertas, mas durante a restauração que o Reichstag passou nos anos 90, após a queda do Muro de Berlim, as inscrições foram recuperadas. Para vê-las é necessário fazer um tour guiado pelo prédio do Reichstag que é conduzido por funcionários do parlamento. Para saber mais sobre o Reichstag, como agendar visita – clique aqui.

==> Buracos de balas e granadas nas fachadas

Marcas de balas na parede

Na tomada de Berlim, foram quase 2 semanas de batalhas pelas ruas da cidade – muitas armas, granadas e canhões foram utilizados, muitos tiros foram dados. Ainda é possível ver em diversos prédios as marcas destes tiros e estilhaços.

Um grande exemplo é na Ilha dos Museus, nas colunas que emolduram o jardim entre a Alte Nationalgalerie e o Neues Museum – assim como na fachada do próprio Neues Museum, pode-se ver inúmeros buracos de bala. Pode-se observar também esculturas na fachada do Neues Museum que faltam pedaços.

==> Anhalter Bahnhof (Estação Anhalter)

A Anhalter Bahnhof foi uma estação de trem que no final do século 19 foi uma das maiores e mais importantes da Alemanha e Europa – costumava ser chamada de “Portão para o mundo”. Uma grande e imponente construção, com um hall de 60,5 metros de largura e 175 metros de comprimento, que foi seriamente danificada pelo bombardeio de 03 feveiro de 1945.

Ficando próximo a divisa entre Berlim Ocidental e Oriental, as ruínas da Anhalter Bahnhof foram removidas em 1959, restando somente parte da fachada da entrada. Os restos que podemos ver hoje, mesmo sendo somente uma pequena parte do que foi esta estação, ainda nos mostra a imponência e beleza que esta construção teve. 

A Anhalter Bahnhof antes da guerra

As ruínas da Anhalter Bahnhof ficam a poucos minutos da Potsdamer Platz, na Askanischer Platz 6. Uma estação do S-Bahn, que passa subterrâneo, leva o mesmo nome.

==> Bunkers

Bunker na Reinhardtstraße

Quando falamos em bunker, muita gente pensa automaticamento no “bunker de Hitler”, mas Berlim teve outros bunkers – estruturas construídas durante a guerra para oferecer abrigo dos bombardeios. O bunker de Hitler era subterrâneo, mas outros eram no nível da rua – na verdade eram prédios com paredes extremamente sólidas e espessas, as vezes com 3 metros ou mais de largura.


E estes “prédios” ainda estão aí, de pé – muitas vezes as pessoas passam por eles sem se dar conta. Já acompanhei turistas que ficaram em hotel de frente para bunker e não percebeu do que se tratava!!

Em Mitte, o bairro central de Berlim, você encontra 2 bunkers: um a poucos passos da Anhalter Bahnhof, na Schöneberger Str. 23A e outro próximo da estação Friedrichstraße, na Reinhardtstraße 20.

Bunker na Schöneberger Str.

E você pode ver estes bunkers da II Guerra tanto por fora, como por dentro. O bunker na  Schöneberger Str. abriga o museu Berlin Story. O bunker na  Reinhardtstraße é uma residência privada, mas seu proprietário é colecionador de obras de arte, a chamada Coleção Boros, que é aberta ao público.

A empresa Berliner Unterwelten também oferece tours por bunkers da Segunda Guerra Mundial – clica aqui para saber mais.

==> Franziskaner-Klosterkirche (Igreja do Mosteiro Franciscano)

Ruínas da Klosterkirche

A Franziskaner-Klosterkirche ou simplesmente Klosterkirche como é comumente chamada foi uma basílica construída no final do século 13. A igreja fazia parte do complexo de prédios do monastério da Ordem dos Franciscanos – ordem que foi dissolvida no século 16 com a introdução do protestanismo em Berlim. Por conta de um bombardeio em abril de 1945 o complexo é drasticamente danificado – podendo hoje ser visto somente as ruínas da igreja.

É impressionate as ruínas da Klosterkirche! Suas paredes estão de pé, mas sem interior e sem teto – é na verdade uma igreja “oca” 🙁 Estas ruínas também servem como lembrança e como um alerta para o que uma guerra causa. Tem-se também uma ótima vista desta ruína do alto, da Torre de TV.

A Klosterkirche se localiza atrás da Prefeitura de Berlim, na Klosterstraße 73ª. No seu interior geralmente encontra-se alguma exposição ou evento cultural. 

==> Blindgänger na Capela da Reconciliação

Milharares e milhares de bombas foram jogadas em Berlim, mas muitas delas não explodiram. Estas bombas na Alemanha são chamadas de Blindgänger. Muitas acabaram sendo soterradas e escondidas por muitos anos, até que são encontradas durante obras de construção (nestes casos a área é interdita, evacuada e especialistas desarmam a bomba). E foi isto que aconteceu durante as obras da Capela da Reconciliação – ali foi encontrada uma bomba que não explodiu.

Esta bomba (desarmada!!) foi mantida na área da capela. Ela se encontra no subsolo, junto aos alicerces da Igreja original e pode ser vista através de uma grade no chão.

A Capela da Reconciliação

A Capela da Reconciliação se encontra na Bernauer Straße, na área do Muro de Berlim – clique aqui para saber mais.

==> Tanques e canhões soviéticos

Tanque e canhão soviético

A poucos metros do Portão de Brandemburgo, na rua 17 de Junho encontra-se o Memorial de Guerra Soviético. Na entrada do memorial, em uma base elevada, encontram-se 2 tanques e um pouco atrás deles, dois canhões.

Assim como os canhões, estes tanques russos,  modelo “T 34” foram utilizados na Batalha de Berlim, a batalha final da II Guerra pela tomada da capital do Terceiro Reich.

Canhão soviético usado na Batalha de Berlim

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O Fim da Segunda Guerra Mundial

Berlim devastada pela 2a. Guerra (Fonte: www.berliner-zeitung.de)

Berlim, últimos dias do mês de abril de 1945: os capítulos finais da pior guerra que o mundo moderno viveu vão sendo escritos – nestes dias, a 2ª. Guerra Mundial na Europa vai chegando ao seu fim.

Em abril de 1945 acontece a batalha pela tomada da capital do Terceiro Reich, a capital nazista, a chamada Batalha de Berlim – o último grande combate da 2ª. Guerra Mundial na Europa.

No decorrer da 2ª. Guerra Mundial foi formada um aliança entre os Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido para combater a Alemanha nazista.

No ataque por terra contra a Alemanha, os aliados ocidentais avançam no início de 1945 pelas regiões ocidentais do país, enquanto a União Soviética vai atacando pela região leste. A capital Berlim se localiza no leste da Alemanha e foi tomada pelos soviéticos.

Para atingir seus objetivos, os soviéticos trouxeram 2,5 milhões de soldados, 6250 tanques, 7500 aviões e 41 600 peças de artilharia. Os alemaes contavam com 800 mil soldados, pouco mais de 800 tanques e cerca de 100 aviões.

Soviéticos em combate nas Colinas de Seelow (Fonte: http://seelowerhoehen.de)

No dia 16 de abril, o Exército Vermelho inicia suas ofensivas para tomar Berlim a partir das Colinas de Seelow, que se situam a cerca de 70 quilômetros a leste de Berlim. Como a principal rota oriental para Berlim passa por esta região, as Colinas de Seelow são denomidas como os “portões de Berlim”.

Depois de 3 dias (16 a 19 de abril) de incessante combate e muitas vítimas – mais de 72 mil soldados soviéticos e mais de 12 mil soldados alemães são mortos durante os combates – os soviéticos conquistam as Colinas de Seelow e com isto tem o caminho para Berlim aberto.

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No dia 21 de abril o Exército Vermelho já cruza a fronteira de Berlim. A partir daí, dia a dia os soldados vão conquistando e avançando pelos bairros em direção ao centro cidade, onde a área governamental se encontra.

Pelos caminhos fica um rastro de sofrimento e destruição em uma cidade já arrasada pelos constantes bombardeios que vem sofrendo desde novembro de 1943 – em 03 de fevereiro de 1945 Berlim sofreu um bombardeio que deixou mais de 2 mil mortos. No total estima-se que até 30 mil pessoas tenham  morrido em Berlim pelos bombardeios.

Morte e destruição pelas ruas de Berlim (Fonte: www.welt.de)

Hitler diz que Berlim deve ser defendida “até o último homem e até o último cartucho”. Os nazistas ainda tentam salvar o que não é mais possível salvar – apesar da superioridade do oponente mandam adolescentes e homens mais velhos para a batalha nas ruas de Berlim.

Nestes dias, a população civil procura esconderijo e proteção nos bunkers  e porões das casas e prédios. Apesar de pelo menos um milhão e meio de pessoas já terem deixados a cidade, ainda se encontravam na capital cerca de 2,8 milhões de pessoas.

Tanques soviéticos próximo ao Portão de Brandemburgo (Fonte: www.welt.de)

Na Batalha de Berlim principalmente as mulheres são presas fáceis. Além de terem suas casas invadidas e saqueadas, as mulheres alemãs sofrem massivos abusos sexuais pelos soldados soviéticos. Muitas mulheres sofreram abusos consecutivos e/ou estupros em grupo. Os números dos casos de estupro variam muito de pesquisador para pesquisador, mas estima-se algo entre 100 mil e 800 mil casos. Algumas milhares morreram como consequências dos abusos, outras tantas cometeram suicídio.

Mas a ameaça de ser morto não vem somente das armas e das granadas dos soldados soviéticos. Mesmo no último momento os nazitas ainda causam terror contra seu próprio povo – pela cidade “desertores” são caçados e executados sumariamente, muitas vezes enforcados em postes de luz.

Bandeira soviética no Reichstag (Fonte: m.bpb.de)

No dia 29 de abril os soldados soviéticos chegam na área governamental e no dia seguinte hasteiam uma bandeira soviética no topo do Reichstag – o prédio do parlamento. No mesmo dia 30 de abril, a cerca de 1 quilômetro do Reichtag, Hitler – no bunker onde se escondia – casa com sua com companheira Eva Braun e pouco tempo depois, juntamente com ela, comete suicídio.

No dia 1º. de maio, Joseph Goebbels – o Ministro da Propaganda – e sua esposa Magda, que também se encontravam no bunker de Hitler, evenenam seus 6 filhos e depois também se suicidam. Assim como eles, milhares de outras pessoas se suicidaram nestes últimos dias da guerra.

General Keitel assina a rendição total e incondicional (Fonte: m.bpb.de)

Finalmente no dia 02 de maio os combates cessam, o exército alemão se rende. No dia 08 de maio de 1945, no quartel general dos soviéticos em Karlshorst, o general alemão Wilhelm Keitel assina a rendição total e incondicional, colocando assim um ponto final na 2ª. Guerra Mundial na Europa (na Ásia os japoneses continuam a guerra até agosto/1945) e no domínio nazista. No local, hoje se encontra o Museu Alemão-Russo Berlin-Karlshorst – clique aqui para saber mais!!

Na Alemanha o dia 08 de maio além de ser lembrado como a data que marca o Fim da 2ª. Guerra Mundial na Europa também é comemorado como o Dia da Libertação da Alemanha do Nazismo.

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100 Anos Grande Berlim – Como Berlim Tornou-se uma Metrópole

A Marienkirche em Mitte (Fonte: Imagem fotografada de um painel na rua)

Hoje, Berlim está dentre as maiores cidades da Europa, tanto populacional quanto territorialmente falando. Há um século, entretanto, a situação era bem diferente – Berlim era uma cidade relativamente pequena, sendo composta somente por 6 dos seus atuais bairros (Mitte, Tiergarten, Wedding, Prenzlauer Berg, Friedrichshain e Kreuzberg).

Mas há exatos 100 anos as coisa mudam! Em 1. de outubro de 1920 entra em vigor a “Lei da Grande Berlim” (Groß-Berlin-Gesetz), transformando Berlim em uma metróple da noite para o dia. A cidade teve sua população duplicada de 1,9 para 3,8 milhões de moradores e teve sua área territorial expandida de 65,72 para 878,1 quilômetros quadrados. Esta nova lei fusionou 86 povoados e vilas e 8 municípios até então independentes, formando a Grande Berlim.  Com isto, na época, Berlim passa a ser a terceira maior cidade do mundo em termos de população (atrás de Londres e Nova York) e a segunda maior em termos de território, perdendo somente para Los Angeles.

Mapa de Berlim em 1920: no centro, numerado de 1 a 6, os bairros que compunham Berlim. E depois das fusões, os novos limites da cidade (Fonte: www.bz-berlin.de)

A lei que oficialmente chama „Lei para a Constituição de um Novo Município de Berlim” (Gesetz über die Bildung einer neuen Stadtgemeinde Berlin) foi aprovada no dia 27 de abril de 1920. Mas até este  dia foram décadas de discussões e controvérsias, uma vez que foi um tema que mexia com interesses políticos e econômicos conflitantes.

Até 1920 Berlim estava rodeada pelos municípios independentes Charlottenburg, Wilmersdorf, Schöneberg, Spandau, Neukölln, Köpenick e Lichtenberg, além de outras dezenas de povoados e vilas. Berlim cresce muito com a revolução industrial, em especial a partir de 1871 quando passa a ser a capital do Império Alemão. O número de moradores sobe de 826 mil em 1871 para 1,677 milhões em 1895. Áreas livres da cidade que se delimitam com outros municípios vão sendo usadas para construir novas indústrias e habitações. E assim as fronteiras de Berlim vão se misturando com os limites das cidades à sua volta.

Apesar de já terem se fusionado fisicamente, cada município tinha sua administração e infra-estrutura própria. Por volta do ano 1900, os 151 municípios e povoados mantinham paralelamente 15 centrais elétricas, 17 usinas de água, 43 usinas de gás e mais de 50 empresas de esgoto. Existiam 16 empresas diferentes de transporte público, com tarifas distintas. Esta fragmentação e falta de coordenação central criava problemas no dia a dia – por exemplo, enquanto um povoado usa um lago como sua fonte de água, outro povoado o usa para despejar seus detritos.

Um bondinho antigo

Já por volta de 1890, houve uma primeira tentativa de fazer uma fusão para resolver o caos administrativo e político, mas houve resistência em especial dos municípios mais ricos como Charlottenburg e Schöneberg que tinham receio de sofrerem desvantagens econômicas, ao terem que redistribuir seus recursos financeiros com os municípios mais. Além disto receavam serem politicamente dominados pela “Berlim vermelha”, ou seja, com a fusão receavam o fortalecimento do SPD, o Partido Social-Democrata da Alemanha.

Como os planos de fusão fracassaram, foi trabalhada uma solução de comprometimento prático. Surgiu assim, em 1912, a “Associação Grande Berlim” da qual faziam parte os municípios de Berlim, Charlottenburg, Wilmersdorf, Rixdorf-Neukölln, Lichtenberg e Spandau, assim como os distritos de Teltow e Niederbarnim. Seu objetivo principal era coordenar questões do transporte público, planos de desenvolvimento, assim como a aquisição e manutenção de florestas e grandes áreas verdes. Mas no geral, a eficácia prática da associação foi relativamente limitada.

Após o final da Primeira Guerra Mundial e fim da monarquia na Alemanha, houve um reposicionamento das forças políticas, abrindo-se assim o caminho para a fusão dos municípios e formação de uma Grande Berlim. Finalmente no dia 27 de abril de 1920, o parlamento prussiano aprova com 164 votos a favor e 148 contra (5 abstenções) a „Lei para a Constituição de um Novo Município de Berlim”.

O Portão de Charlottenburg hoje. Até 1920, um município independente de Berlim, hoje Charlottenburg é um bairro da cidade

A estrutura territorial criada há 100 anos é a base da Berlim moderna, sendo suas fronteiras ainda hoje aquelas estabelecidas em 1920.  A Grande Berlim foi dividida em 20 bairros. Pequenas  alterações foram feitas de lá para cá. Entre algumas mudanças de nomes ou limites de bairro, 3 novos bairros, desenvolvidos na Berlin Oriental, foram adicionados a Berlim, totalizando 23. Em 2001, entretanto, houve uma grande reforma que juntou bairros reduzindo-os administrativamente para 12.

O termo “Grande Berlim”, entretanto, hoje em dia já não é mais usado, falamos simplesmente em “Berlim”.

Berlim do século 21

 

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