Este “palácio” tem muito pouco a ver com o que imaginamos de um palácio, mas sim tem a ver com a história de Berlim, com seu passado sofrido e não muito distante de uma cidade dividida.
Quanto Berlim era dividida em Ocidental e Oriental e o muro separava as duas partes, havia pontos por onde podia-se cruzar de um lado para o outro. Dentro da cidade existiam sete destes pontos/postos de fronteira em ruas e um na estação de metrô e trens Friedrichstraße. Os berlinenses/alemães Ocidentais ao visitarem parentes e amigos em Berlim Oriental muito comumente cruzavam a fronteira por este ponto.
Os visitantes chegavam de metrô ou de trem e os procedimentos para entrada no país eram feitos dentro da estação – havia cabines com policiais de fronteira que iriam dar o visto, cobrar o visto, etc. Quando iam embora, ou seja, ao deixarem Berlim/Alemanha Oriental os procedimentos de controle de saída eram feitos em um pavilhão anexo à estação. Este pavilhão é que ficou conhecido como Palácio das Lágrimas (Tränenpalast), pois nele rolaram muitas lágrimas. Lágrimas pela dor da despedida – aqui os berlinenes orientais, que em sua grande maioria não tinha o direito de viajar para Berlim/Alemanha Ocidental, tinham que se despedir de seus entes queridos que moravam na parte ocidental e que os tinham visitado.
Muitas vezes o sentimento despertado era de raiva ou mesmo medo pelo controle rígido e até hostil a que as pessoas eram submetidas. Geralmente formava-se uma fila já na porta do pavilhão, onde policiais faziam um pré-controle dos documentos de viagem. Dentro do pavilhão então, quem ainda tivesse consigo algum valor em marco oriental tinha que depositar no banco do governo para resgatar em uma eventual próxima viagem – não era permitido levar o dinheiro oriental para o lado ocidental. O próximo controle seria dos fiscais de aduanas, quando geralmente malas eram revistadas. E somente depois é que os documentos de viagem seriam efetivamente controlados. O cansaço e a tensão pelo longo e demorado controle chegava até a causar o colapso físico em algumas pessoas, principalmente nas mais idosas. Algumas fontes falam até em dezenas de mortes nestas situações!!
Com a queda do muro o Tränenpalast perdeu sua função original, mas a construção foi mantida e desde 2003 foi tombado como patrimônio histórico. Hoje ele abriga a exposição “Experiências de fronteira. O cotidiano da divisão alemã” (GrenzErfahrungen. Alltag der deutschen Teilung).
É uma exposição super interessante, que apresenta muitos objetos originais, como por exemplo, a estreita cabine com espelhos no teto por onde as pessoas passavam pelo controle de passaporte, ou objetos que foram confiscados dos visitantes. Além disto há diversos documentos, filmes e áudios com entrevistas e depoimentos de pessoas que viveram a situação na época de ambos os lados.
O Tränenpalast é aberto de segunda à sexta-feira, das 9 às 19 horas e aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 18 horas.
Preço: Grátis
Endereço: Reichstagufer 17 – Mitte – 10117
Como Chegar:
U-Bahn: Linhas U6, estação Friedrichstraße
S-Bahn: Linhas S1, S2, S25, S5, S7, S75, estação Friedrichstraße
Atrações Próximas: Unter den Linden, Ilha dos Museus, Portão de Brandenburgo, Reichstag